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PABLO NERUDA
Posted by IRAPOÃ CARSIL
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sexta-feira, maio 06, 2011
in
Poesia
Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê , quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu
amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma
em escravo do hábito, repetindo todos
os dias os mesmos trajetos, quem não
muda de marca, não se arrisca a vestir
uma nova cor ou não conversa com
quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma
paixão, quem prefere o negro sobre o
branco e os pontos sobre os "is" em
detrimento de um redemoinho de
emoções , justamente as que resgatam
o brilho dos olhos , sorrisos dos
bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa
quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto
para ir atrás de um sonho, quem não
se permite pelo menos uma vez na vida
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os
dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona
um projeto antes de iniciá-lo, não
pergunta sobre um assunto que
desconhece ou não responde
quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige
um esforço muito maior que o simples
fato de respirar.
Somente a perseverança fará com que
conquistemos um estágio esplêndido de
felicidade.
Pablo Neruda é um dos mais importantes poetas chilenos do século XX
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